Uma das maiores emoções do turismo no Egito é a visita ao Vale dos Reis, em Luxor. O ponto mais popular ali é a tumba de Tutancâmon. Ou, como vemos na entrada da tumba, Tut Ankh Amun. Ou — que tal? — Rei Tut.
Você vai entrar agora na tumba comigo. Tenho fotos detalhistas para mostrar. Entre outras coisas, veremos a múmia do faraó.
Já vestiu seus trajes de Indiana Jones ou de Lara Croft?
Oh, espere. Antes de entrarmos na tumba, vejamos um pouco de História.
Tutancâmon
Tutancâmon governou em um breve período, de 1336 a 1327 a.C., na 18ª Dinastia (ou no período 1332–1323, se considerarmos a cronologia aplicada por outros historiadores). Ele morreu jovem, aos 19 anos, por causas discutidas até hoje.
Historicamente, foi um dos faraós menos expressivos. Seu governo não registra grandes batalhas nem fabulosas construções.
O pouco tempo de reinado não foi suficiente para a construção de uma tumba pomposa. A dele é uma das mais simples no Vale dos Reis. Especula-se, aliás, que tenham aproveitado uma tumba feita para outra pessoa, devido à morte que ocorreu tão cedo. Por isso, turistas se surpreendem quando comparam a tumba de Tutancâmon com outras tumbas por lá — por exemplo, a enorme e luxuosa tumba de Ramsés VI.
Apesar dos aspectos negativos, ele causa um fenômeno que nenhum outro faraó conseguiu conquistar: é a figura egípcia que mais cativa a imaginação das pessoas no mundo todo, em um patamar alcançável apenas por Cleópatra. Natural, portanto, que no Vale dos Reis os turistas corram até a tumba dele, como se atraídos por um ímã.
A descoberta da tumba de Tutancâmon
A glória da descoberta da tumba está principalmente nas mãos do arqueólogo Howard Carter. Financiado por Lord Carnarvon, ele teve sucesso em 1922. O achado ganhou todos os holofotes da imprensa mundial, como nunca havia acontecido e como nunca mais aconteceu com uma descoberta arqueológica. (Há uma minissérie sobre essa história. Está recomendada aqui no blog.)
A tumba estava quase intacta. Isso é uma raridade, devido a castigos do tempo e a ações de saqueadores. Mais que isso: o selo para acesso ao sarcófago estava intacto. Fenomenal!
Os tesouros encontrados deixaram todo mundo de queixo caído. Em quatro câmaras, havia joias, móveis, estátuas, carruagens, instrumentos musicais, armas, caixas, jarros, alimentos. A maior parte das peças está no Museu do Cairo (logo, no Grande Museu Egípcio). Há algumas também no Museu de Luxor.
No Museu do Cairo, as peças mais populares são os elementos do sarcófago, as joias e a fabulosa máscara de ouro. Eu quase choro de emoção toda vez que fico a poucos centímetros da máscara!
A persistência de Carter é um exemplo para nós.
Se os tesouros dessa descoberta hoje podem ser vistos na tumba e em museus, temos de agradecer pelos trabalhos de catalogação, identificação, transporte e estudo das peças. As tarefas só terminaram em 1930: foram incríveis oito anos de atividades intensas.
O processo foi fotografado por Harry Burton, que ganhou renome mundial. Ele produziu 2800 fotos. Muitas são famosas, reproduzidas incansavelmente na mídia.
Evidentemente, as fotos foram em preto e branco, mas a empresa Dynamichrome deu a elas cores esplêndidas usando novas tecnologias. O trabalho foi encomendado especialmente para uma exposição sobre Tutancâmon em Nova York, em 2015.
Veja estas imagens impressionantes:
Preparativos para a tumba
Pagam-se 100 libras egípcias para visitar o Vale dos Reis. Geralmente, esse valor já faz parte do pacote de viagem ao Egito. (Lembre-se: preços podem mudar a qualquer momento.) Com o bilhete, o turista tem direito de escolher três tumbas para entrar, sem pagar nada extra.
Obviamente, todos os turistas decidem que uma das três tumbas será a de Tutancâmon. Então o governo egípcio, espertamente, determina que a tumba de Tutancâmon não se inclui entre as três opções. Exige-se um bilhete extra, também de 100 libras egípcias.
Para saber mais sobre câmbio e gastos locais no Egito, leia depois um outro artigo aqui no blog.
Pausa na leitura
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Já tem seus bilhetes? Respirou fundo?
Cruze a entrada que aparece na foto abaixo… e viva a sua aventura!
Na tumba de Tutancâmon
Depois de passar por aquele portão (KV 62), desça a escada e passe pelos vigias.
Caso tenha câmara fotográfica, deixe-a ali. O smartphone você pode levar, mas fotos com ele também são proibidas. Eu, por causa deste blog, tive uma licença para fotos. (Detalhe: para fotografar nas tumbas, pagam-se 300 libras egípcias por cada uma. A tumba de Tutancâmon não é opção.)
Depois dos vigias, vire à direita e desça por mais uma escada.
Chegou O GRANDE MOMENTO!
A múmia de Tutancâmon
De repente, logo nos primeiros passos, uma vista magnífica. A nossa respiração fica descompassada. O coração acelera.
Ali… bem ali… em uma caixa de vidro climatizada… está ele.
O próprio.
Tanto ouvimos falar dele, desde a época do colégio… e agora ele está diante de nós. Um corpo tão miúdo que, à primeira vista, parece ser de criança.
O jovem faraó espera pelos turistas na tumba.
A área do sarcófago
A poucos passos da múmia, ficamos então deslumbrados com a área do sarcófago, cheia de pinturas nas paredes — ainda com um colorido vivo. Os desenhos retratam Tutancâmon diante de deuses. São cenas do funeral do faraó. Os 12 babuínos, do Livro de Amduat, representam as doze horas da noite.
Nenhuma peça dos tesouros está ali. Lembre-se: elas encontram-se no Museu do Cairo, principalmente, e no Museu de Luxor (logo, no novo Grande Museu Egípcio). A única exceção, na tumba, é uma parte do sarcófago de Tutancâmon. O corpo estava em um total de três sarcófagos, um dentro do outro. A parte exposta na tumba é o sarcófago mais interior, o que estava em contato direto com a múmia. É de ouro maciço e pesa 110 quilos!
Enfim, você pode não ver os tesouros, mas vive o privilégio de visitar a tumba. E isso, sozinho, já é um tesouro em sua vida! Um tesouro histórico!
Quando visito um lugar histórico, eu faço a minha imaginação ferver. Vejo como era na época, sinto o ambiente, ouço os barulhos, sinto cheiros. Imagine Tutancâmon no sarcófago, sendo levado para esse local. Depois, visualize essa tumba selada, repleta de tesouros, em um silêncio pesado e sepulcral. Você vai se arrepiar!
Acima de tudo, tenha respeito ali dentro. É uma tumba.
Gostou?
Pois falar de nosso Rei Tut me fez lembrar de uma dúvida comum: a possibilidade de visitar a tumba de Cleópatra. Escrevi sobre isso aqui no blog.
Viva o Egito! 🤠
GLAUCO DAMAS
Moro na Alemanha (depois de muitos anos em Brasil e Portugal). Atuo como autor desde 2001. Publiquei livros infanto-juvenis, inclusive pela Editora Saraiva. Em 2013, surgiram o primeiro livro técnico e o primeiro guia de viagem.
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